Se ainda existem pessoas que insistem na concepção errada de que a etiqueta é ultrapassada e irrelevante, esse ponto de vista precisa ser revisado. Embora estejamos nos acostumando a ficar em casa e sair somente para nos exercitarmos ou ir às compras, as restrições da quarentena começaram a ser relaxadas.
É importante ressaltar que isso não é um retorno à normalidade pré-coronavírus, e que devemos ajustar nosso comportamento social de modo que nossa segurança fique em primeiro lugar. A taxa de infecções está caindo e o importantíssimo número de reprodução (R) ainda está abaixo de 1, mas o vírus não desapareceu. Até que haja uma vacina ou um tratamento eficaz, teremos que permanecer fisicamente distantes um dos outros e tomar medidas de precaução, como usar máscara e lavar as mãos.
As regras de etiqueta social estão sendo reescritas por conta da COVID-19. O ônus recai sobre nós, como sociedade, pois precisamos encontrar uma maneira de nos comunicarmos e conectarmos com respeito, cortesia e gentileza enquanto seguimos as regras e recomendações.
É o fim dos apertos de mão?
O que entrevistas de emprego, casamentos, festas e visitas diplomáticas possuem em comum? 9 em cada 10 vezes, todos esses eventos se iniciam com apertos de mão. Ao longo de muitos séculos, o aperto de mão se tornou um cumprimento transcultural que funciona em quase qualquer situação. A história do aperto de mão remonta à Grécia do século V, onde era visto como símbolo de paz. Os romanos também usavam uma versão do aperto de mão quando se encontravam com alguém – embora fosse com a intenção de verificar se havia alguma arma escondida na manga. No entanto, já em fevereiro, ficou claro que o aperto de mão, antes uma forma universal de saudação, se tornou algo que as pessoas começaram a evitar. Executivos do mundo todo se esforçaram para encontrar um substituto. No momento, é difícil imaginar um retorno ao mundo pré-coronavírus onde apertos de mão – sem mencionar abraços e beijos na bochecha – serão bem-vindos, e não temidos. Anthony Fauci, chefe do Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos, disse ao Jornal Wall Street: “Para ser sincero, acho que não devemos apertar mãos nunca mais.”Novas saudações estão emergindo
Não é a primeira vez que uma doença muda nossas vidas. No auge da peste bubônica no século XV, o rei Henrique VI proibiu a prática de beijar bochechas quando as pessoas se cumprimentavam. Isso interrompeu as saudações táteis por muitos séculos e trilhou o caminho para cumprimentos mais formais. Foi somente após a criação dos antibióticos, na década de 1940, que a população passou a temer menos a propagação de doenças através de contato físico. Conforme as regras da quarentena começam a relaxar e somos novamente permitidos a nos encontrar com nossos amigos, colegas e família pela primeira vez em semanas, é importante que não nos deixemos levar pelos velhos hábitos. Nós da Socila Escola recomendamos a adoção do gesto da mão no coração ou a saudação indiana ‘Namastê’ como cumprimento através de uma distância segura. Em situações menos formais, um sorriso e um aceno ou soprar um beijo na direção da pessoa que queremos cumprimentar também são boas opções.O que é a nova etiqueta da máscara?
Um aperto de mão firme, contato visual e um sorriso são fundamentais para comunicar segurança, respeito e confiança. Na era da COVID-19, dois desses três ingredientes estão eliminados de nossas primeiras impressões. Profissionais e autoridades da saúde agora aconselham que todos que utilizarem o transporte público devem usar máscara. É provável que o uso dessas máscaras quando estivermos em público se torne normal. A incapacidade de enxergar as expressões faciais das pessoas abre portas para uma variedade de desentendimentos e más interpretações. Para compensar essa perda de expressões faciais, você pode ajustar sua linguagem corporal e torná-la mais aberta e receptiva. Evite cruzar os braços ou as pernas e acene para cumprimentar os transeuntes ou outros passageiros em seu trajeto matinal.Como posso socializar de forma segura?
O distanciamento social (ou distanciamento físico, como alguns preferem chamar) ainda está em andamento e exige que todos nós mantenhamos pelo menos dois metros de distância uns dos outros. Também é necessário que você cubra a boca quando tossir ou espirrar e evite compartilhar copos, utensílios ou pratos com outras pessoas que não morem com você. Todos nós temos a responsabilidade de fazer ajustes em nossas interações sociais para evitar um novo pico de coronavírus e o retorno de uma quarentena ainda mais rígida. Isso inclui não encostar taças durante um brinde e não assoprar velinhas em um bolo de aniversário que será servido para muitos convidados. Nos últimos meses nos acostumamos a socializar através da tecnologia, e é provável que isso continue por muito tempo. Desde noite de jogos e reuniões de clubes de livros até festas e reuniões da igreja, a conexão virtual rapidamente se tornou o novo normal. A descoberta de que podemos desfrutar dessas ocasiões e eventos sem necessariamente estarmos no mesmo espaço físico, tornou a quarentena mais suportável para muitos de nós.E se alguém quebrar as regras?
Nesses tempos sem precedentes e extraordinários, ser educado e atencioso com os outros é mais importante que nunca. A Socila Escola ressalta que todos nós precisamos cultivar um senso de autoconsciência e permanecer focados no que está ao nosso redor. “Se você estiver em um transporte público, não fique tão absorvido em seu celular a ponto de não respeitar o espaço pessoal dos outros,” diz ele. Se alguém se aproximar demais de você no supermercado, em vez de atacá-lo verbalmente, diga algo como: “Acho que precisamos nos afastar um pouco”. Isso dá a oportunidade de que essa pessoa faça o certo sem despejar a culpa inteiramente nela. Se ela responder de maneira ameaçadora ou continuar a se comportar de modo que coloque em risco sua própria segurança ou a de outras pessoas, alerte as autoridades. As regras existem para proteger todos nós e segui-las é uma exigência, não uma escolha pessoal.Seguindo em frente
Lembre-se, estamos nessa juntos. Isso já foi dito antes, mas clichês estão sendo exageradamente usados por uma razão: são tempos extraordinários e sem precedentes. Ainda estamos aprendendo e navegando por esse novo cenário de etiqueta. Muitos de nós ainda se sentem ansiosos ao sair de casa, enquanto outros mal podem esperar para voltar ao trabalho ou sair com os amigos e família. Precisamos aceitar que somos diferentes e que não há uma escolha certa para todos. Alguns pais se sentem confortáveis com a ideia de permitir que seus filhos voltem para a escola – outros não. Alguns se sentem confortáveis indo para a praia ou para o parque – outros não. Desde que todos sigam as regras, não devemos criticar as pessoas pelas decisões que tomam. Se seguirmos os princípios da etiqueta (gentileza, respeito e cortesia), encontraremos uma maneira de seguir em frente.Recomendamos a leitura: “Etiqueta Social – O Guia com 75 dicas para praticar”
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